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Encontro de Cultura Caipira e Virada Caipira estreitam laços com organizações do território
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Eventos, realizados entre junho e julho, reafirmam ocupação do espaço público e construções coletivas

Na temporada de fogueiras, bandeirinhas e quentão, a Fundação Tide Setubal manteve a tradição e realizou, em parceria com organizações locais, duas festas que valorizam costumes tradicionais, comidas típicas e muita música e dança: o 11º Encontro de Cultura Caipira e a Festa Julina do Galpão de Cultura e Cidadania – em 2017, rebatizada de Festa Julina Virada Caipira.

Nos dias 23, 24 e 25 de junho, a Praça Morumbizinho, em São Miguel Paulista, abrigou apresentações culturais, uma feira de artesanato e diversas barracas de comidas e bebidas durante o Encontro de Cultura Caipira. “Os costumes e o modo de vida nordestinos fazem parte da cultura de São Miguel Paulista”, afirma Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador da programação cultural da Fundação Tide Setubal. “Com a mudança do evento para a Praça Morumbizinho, mantivemos viva uma tradição de festa da comunidade, antes realizada no Clube da Comunidade, trazendo para a praça esses festejos e promovendo a integração com os demais bairros no circuito de festas.”

A escolha do novo local ocorreu devido à reforma no Clube da Comunidade (CDC) Tide Setubal, que, segundo o poder público, será o CEU São Miguel. Atualmente, as obras estão paradas. “Com a festa, conseguimos levar para a rua toda a convivência e o respeito que cultivamos em dez anos de atuação do CDC, tempo em que o espaço foi consolidado como um ponto de encontro para a comunidade. A festa teve mais de 6 mil participantes entre os três dias e não houve nenhum problema”, diz Marcelo Ribeiro, da Fundação Tide Setubal.

A programação do evento valorizou as expressões tradicionais da cultura brasileira, como as rodas de jongo, as músicas e danças afro-brasileiras e o som das violas e do acordeom. Entre as atrações teve a apresentação do Jongo de Embu das Artes, da Orquestra Sanfônica de São Paulo, do grupo JabutiCaqui, da Orquestra Piracicabana de Viola Caipira e dos grupos Catira Botas de Ouro e Batakerê. O Trio Rastapé Flor de Muçambê abriu o palco durante os três dias de festa e empolgou-se com a animação das pessoas, que dançaram durante toda a apresentação. “Gostei muito de ver um público tão grande na praça. É ótimo trazer a cultura nordestina para as pessoas e ver o forró, que, no passado, já foi discriminado em São Paulo, ser bem aceito até mesmo pelos jovens”, afirma o vocalista do trio, Givanildo Severino da Silva, o Gil.

No sábado, a festa contou com a participação de Edson Marques Pereira, prefeito Regional de São Miguel Paulista. Em sua fala, ele endossou o compromisso com a criação do CEU, cujas obras encontram-se paralisadas. “Vemos aqui a valorização das organizações e a colaboração com a comunidade. E queremos repetir essa abertura para a participação de todos no CEU.”

Lapenna em clima de festa

Em 2017, a Fundação Tide Setubal passou a integrar um circuito de festas típicas da região, buscando, assim, ampliar o olhar para o território e promover mais parcerias e colaboração. Dessa forma, nos dias 8 e 9 de julho, aconteceu a sétima edição da Festa Julina do Galpão de Cultura e Cidadania, rebatizada, em 2017, de Festa Julina Virada Caipira. O evento foi feito em parceria com a Sociedade Amigos do Jardim Lapenna e apoio do Procedu, Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado de São Paulo, UBS Jardim Lapenna, SOS Lapenna, CEI Jardim Lapena, CEI Jardim Lapena 1, APS Santa Marcelina, EE Professor Pedro Moreira Matos e União Comunitária de Mulheres do Jardim Lapenna. O novo modelo de festa, criado a muitas mãos, reflete o atual momento do Galpão, no qual as parcerias e o fortalecimento de organizações locais são valorizados.

Entre as atrações musicais e culturais estavam o grupo Dança Alienados, com o Centro Social Marista Irmão Justino, os rappers Peneira e Sonhador, MC Fabiano, MC Bruno, o FB Samba & Cia, a Comunidade Jongo Embu das Artes, o grupo Moda de Viola com IPGG José Ermírio de Moraes, a Banda Kayala, a dupla Danilo e Larissa e o Grupo de Coco Pé de Bananeira.

Para que 60% das atrações fossem locais e todas as organizações da região fizessem parte da festa, muitas atividades envolveram crianças, jovens, adultos e até mesmo idosos do território: os jovens do Grêmio da EE Professor Pedro Moreira Matos apresentaram uma música de composição própria sobre a importância do afeto e da amizade; as crianças do CEI Jardim Lapena dançaram sua tradicional quadrilha; os jovens do Toque de Letras, programa de esportes e cidadania realizado pela Fundação Tide Setubal, ofereceram atividades recreativas; o CCA Procedu Jardim Lapenna apresentou o Hip Hop Caipira; e os idosos participaram do concurso de dança do Baile da Alegria, apresentado por Dona Glória, moradora da região há décadas.

Para finalizar a festa, as crianças e os jovens participaram da Quadrilha da Fundação Tide Setubal e do CCA Procedu Jardim Lapenna. Batizada de A Grande Festa de Cultivar Afetos, a apresentação enfatizou a importância das amizades e da união para que as pessoas se mobilizem e lutem por seus direitos.

No documento de avaliação do evento, produzido pela Fundação Tide Setubal, as organizações participantes refletiram sobre o novo modelo de parcerias e pensaram sobre o que deu certo e o que poderia ser melhorado. Segundo o depoimento da Sociedade Amigos do Jardim Lapenna, a Virada Caipira conseguiu “promover convívio com a comunidade, valorizando os moradores ao proporcionar eventos culturais de época e, por meio da festa, inseri-los nos assuntos relacionados ao bairro”. Para a SOS Lapenna, o ponto alto da festa foi “resgatar a cultura do nosso interior”. Já o CEI Jardim Lapena pontuou que “essas ações culturais devem acontecer com mais frequência e passar a atuar com mais relevância nas escolas, trazendo não só as festas juninas, mas também as diversas culturas e etnias”, e a EE Professor Pedro Moreira Matos afirmou que a festa “estreita as relações, oferece evento para a comunidade e envolve jovens nas atividades”.

Nos pontos a melhorar, foi colocada a importância de aumentar o envolvimento das organizações na produção e na divulgação do evento, levando mais público para as festas. Também foi indicado que o evento poderia ter sua duração reduzida para concentrar a participação de todos.