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Fundação Tide Setubal leva Programa Jovens Urbanos para São Miguel Paulista
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O Programa apoia a ampliação do repertório sociocultural dos adolescentes e sua conexão com o território

Após mais de uma década de trabalho com atendimento direto a jovens na zona leste de São Paulo, a Fundação Tide Setubal, em 2017, passou a apoiar a promoção de ações que visam a mobilização, formação e articulação desse público por meio da atuação conjunta com outras instituições. Assim, em maio, chegou ao Jardim Lapenna o Programa Jovens Urbanos, com uma nova parceria institucional. O projeto, que em 2017 esteve em sua 12ª edição, era uma iniciativa da Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Cenpec, e tinha como objetivo contribuir para a ampliação do repertório sociocultural de jovens de 15 a 20 anos e ajudá-los a concluir o ensino médio, ingressar no ensino superior e realizar seus projetos de vida.

“Em conversas entre o Cenpec e a Fundação Tide Setubal, constatamos que era muito importante levar o Programa ao Jardim Lapenna, não só para trabalhar com os jovens da região, mas também para fortalecer e articular outras organizações que atuam com essa temática no território”, afirma Fernanda Andrade, gestora do Programa Jovens Urbanos no Cenpec.

A coordenadora do programa na Fundação Tide Setubal, Viviane Soranso dos Santos, pontua que o projeto alia o desejo de atuar junto ao público jovem e, paralelamente, apoiar outras organizações do território, por meio da cogestão. Na zona leste, o Jovens Urbanos desenvolveu atividades em dois distritos: Cidade Tiradentes, tendo o Instituto Pombas Urbanas como instituição cogestora; e São Miguel Paulista, com execução das organizações da sociedade civil Jovens do Brasil – em parceria com o Aldeia Satélite Espaço Cultural – e Projeto Cultural Educacional Novo Pantanal (Procedu). Essas organizações contaram com o apoio pedagógico da Fundação Tide Setubal para o treinamento de seus educadores envolvidos no projeto. “Nossos dez anos de vivências e de criação de metodologias contribuíram para o processo de apoio e capacitação dos educadores”, diz Viviane.

Além de capacitarem os profissionais para o uso de metodologias desenvolvidas pela Fundação Tide Setubal, as formações tinham como intuito promover e fortalecer articulações locais e multiplicar os saberes trazidos pelo Programa. A assistente técnica Mauricélia Martins Castão, que trabalha no Procedu do Jardim Lapenna, conta que, em mais de uma ocasião, pôde usar referências bibliográficas obtidas nas formações no seu cotidiano no Centro para Crianças e Adolecentes (CCA), onde também atua. “Utilizei um texto sobre facilitadores com os educadores do CCA e obtive um ótimo resultado, que proporcionou um espaço de reflexão sobre o que fazem e como fazem”, conta.

“A parceria com a Fundação Tide Setubal foi fundamental para atuarmos na região de São Miguel Paulista. Graças ao seu vínculo com o território, nos indicaram duas organizações executoras comprometidas e que compartilhavam valores e visões semelhantes aos nossos. Além disso, a Fundação foi importante para gerar a aproximação de instituições e iniciativas locais, como escolas estaduais, a Rede Maristas, os jovens do cursinho pré-vestibular e até mesmo membros do Plano de Bairro, a nossas atividades”, avalia Fernanda.

Protagonismo jovem

Em São Miguel Paulista, o Programa Jovens Urbanos envolveu 35 jovens divididos em duas turmas, uma no Galpão de Cultura e Cidadania, espaço da Fundação Tide Setubal, e outra na Aldeia Satélite Espaço Cultural. Organizadas em três módulos, as atividades trabalharam questões ligadas ao repertório cultural e social dos participantes, ao uso de diferentes tecnologias e linguagens e ao desenvolvimento de produtos e projetos de trabalho, que poderiam ser desde intervenções na comunidade até a criação de ferramentas de comunicação ou de expressão artística. Ao longo do processo, os participantes fizeram amizades e contatos profissionais e foram estimulados a continuar seus projetos para além do Programa e de seus bairros.

O intercâmbio entre jovens de dentro e fora do território era um dos pilares do Programa, e, ao longo do ano, algumas atividades propiciaram essas trocas. Um exemplo foi a roda de conversa Como a Juventude Vive Sua Quebrada, que aconteceu no Galpão de Cultura e Cidadania em julho e uniu integrantes do Programa com alunos do Cursinho Popular Pré-Vestibular do Jardim Lapenna. O encontro teve como proposta debater e refletir sobre os possíveis espaços de participação para a juventude e contou com as convidadas Iris Guimarães, que é ex-participante do Programa Jovens Urbanos e agente comunitária do bairro Cidades Tiradentes; Bianca Guedes, estudante universitária de comunicação e integrante da União da Juventude Socialista (UJS); e Bárbara Pontes, militante do Levante Popular da Juventude. Confira o vídeo com alguns momentos do encontro:

Outros momentos de compartilhamento ao longo do ano foram as exposições dos projetos experimentais dos alunos, que chegaram a reunir mais de 150 pessoas. Depois de experimentarem linguagens como fotografia, vídeo e até mesmo maquiagem, os participantes do Programa desenvolveram seu trabalho final com a proposta de valorizar ações junto à comunidade. “Os projetos tinham bagagem teórica e mostraram muito conhecimento sobre o território por parte dos jovens”, diz Viviane Soranso.

Entre os trabalhos apresentados em São Miguel Paulista estavam uma apresentação do grupo Dancitude que abordava temáticas ligadas ao racismo e foi executada no 8º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, cujo tema foi Letras Pretas: poéticas de corpo e liberdade; o projeto Recordando a Quebrada: resgatando jogos e brincadeiras populares, que ocupou o espaço de uma escola de São Miguel Paulista para promover junto a crianças da comunidade atividades de lazer; e a iniciativa Um Prato de Cultura com uma Pitada de Respeito, que abordou a questão da xenofobia por meio da experimentação culinária.